sexta-feira, 4 de junho de 2010


Você sabe quanto lixo produz diariamente? Essa é uma pergunta que pouco se discute, pelo menos em Guaporé, onde não há coleta seletiva de resíduos e onde, em pleno 2010, ainda não há uma Secretaria de Meio Ambiente. Pouco mais de um quilo. Sim, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o brasileiro produz, aproximadamente, 1,152 quilo de lixo diariamente.
Um estudo realizado em 364 cidades mostra que o país já se aproxima dos Estados Unidos, o campeão na produção de lixo. O brasileiro já produz a mesma quantidade de lixo que um europeu. O fortalecimento da economia está deixando os brasileiros cada vez mais confiantes e fazendo com que o poder de compra aumente, gerando, assim, cada vez mais lixo inorgânico, como embalagens, ao mesmo tempo em que a implantação de programas de coleta seletiva e os níveis de reciclagem não crescem no mesmo ritmo.
Longe de ser a cidade mais populosa, Brasília, no entanto, é a campeã em produção de lixo, com 1,698 quilo de resíduos coletados por dia, seguida do Rio, com 1,617 quilo/dia, e São Paulo, com 1,259 quilo/dia.
Em 2009, o volume de lixo cresceu 7,7% no Brasil. Foram 182 mil toneladas/dia geradas, ante 169 mil toneladas/dia no ano anterior. Os dados fazem parte do estudo "Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2009", realizado pela Fiesp.

Municípios sem coleta seletiva

O grande problema enfrentado pelo país é que muitas cidades brasileiras não fazem a coleta seletiva. Segundo o estudo, a geração de resíduos cresceu 7,7% entre 2008 e 2009, o número de municípios com iniciativas de coleta seletiva avançou apenas 1,2% no período. Em 2008, 55,9% das cidades brasileiras tinham programas. Em 2009, eram 56,6%.
Em Guaporé, o tema lixo ainda é visto como um problema sem solução, já que é apenas coletado, sem a preocupação da separação correta de materiais orgânicos e inorgânicos. De acordo com o Departamento de Meio Ambiente, a coleta acontece todos os dias, mas em áreas diferentes do município. O lixo é encaminhado ao transbordo, localizado no distrito Colombo e, a cada dois dias, a empresa Conesul, licitada para fazer a coleta, encaminha o lixo dos guaporenses para Minas do Leão, a 193 quilômetros de Guaporé.

Renda alternativa

A Câmara dos Deputados aprovou, em maio, o projeto de lei 203/91, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e impõe obrigações aos empresários, aos governos e aos cidadãos no gerenciamento dos resíduos.
As empresas de limpeza urbana deverão dar prioridade ao trabalho de cooperativas de catadores formadas por pessoas de baixa renda.
Os municípios que implantarem a coleta com a participação de associações e cooperativas de catadores terão prioridade no acesso a recursos da União em linhas de crédito, no âmbito do plano nacional de resíduos.

Empresas precisarão ter planos de gerenciamento

Diversos segmentos da economia estarão sujeitos à elaboração de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos, segundo prevê o projeto de lei 203/91. Entre eles, os setores de saneamento básico; de resíduos industriais, de serviços de saúde e de mineração; empresas de construção civil; e responsáveis por portos, aeroportos e terminais rodoviários.
O plano deverá conter um diagnóstico dos resíduos gerados ou administrados, a definição dos procedimentos sob responsabilidade do gerador dos resíduos; metas para diminuir a geração desses materiais e medidas corretivas de danos ambientais.
Esse plano será considerado parte integrante do processo de licenciamento ambiental de empreendimentos. A contratação de prestadores de serviços de coleta, armazenamento, transporte ou tratamento dos resíduos não isentará aqueles que os geraram da responsabilidade por danos provocados pelo seu gerenciamento inadequado.

Uma questão de educação

A responsabilidade sobre o destino correto do lixo produzido por cada cidadão não deve ficar apenas nas mãos da prefeitura ou dos governos estadual e federal. Todos devem fazer a sua parte.
Na sessão da Câmara dos Vereadores, realizada no dia 24 de Maio, os vereadores Eduardo De Rocco e Veridiana Tonini levantaram a questão do lixo produzido pela juventude guaporense que se reúne nos fins de semana no Centro, em especial, na avenida Monsenhor Scalabrini.
Na manhã de segunda-feira, dia 31 de maio, o desrespeito com o bem comum, a falta de educação e de consciência ecológica eram vistos pela Praça Central e enfrente as lojas. “Toda segunda-feira é a mesma coisa. Eles não sabem se divertir sem deixar um rastro de lixo, de copos e latas de cerveja”, afirma a empregada doméstica de uma loja em frente à Praça Central.
Poucos metros adiante, outra cena vergonhosa em frente à Loja Maróstica. De acordo com a proprietária, são sempre as mesmas pessoas que sentam em frente ao seu estabelecimento e, quando vão embora, não são capazes de recolher sacos de salgadinho, pipoca e latas de refrigerante. “Estava pensando em colocar uma placa dizendo ‘Façam isso na frente da casa de vocês’”, desabafa.

Mentalidade

Questionados sobre os motivos de jogar o lixo no chão, um rapaz que foi flagrado pelo Informativo Regional, respondeu ironicamente. “Mas, amanhã de manhã, os garis passam por aqui e recolhem”. A opinião foi motivo de gargalhada entre os amigos do jovem, que, assim como ele, também jogavam latas na calçada. “Se a gente não poluir, vamos tirar o emprego de um monte de gente”, diz.
Em frente aos bares e boates, a situação é ainda pior. As garrafas “long neck” são deixadas em qualquer canto e muitas vezes são quebradas propositalmente. Alguns jovens abordados reclamaram da falta de lixeiras em frente aos estabelecimentos e, realmente, a equipe de reportagem do IR avistou apenas um ponto de coleta em frente a um dos bares.

Fiscalização

De acordo com o Setor de Fiscalização, a prefeitura faz a sua parte através de campanhas de conscientização ecológica e ambiental nas escolas e na Praça Central, nos fins de semana. O setor elaborou folhetos explicativos que são distribuídos a população, mas, infelizmente, o projeto surtiu pouco efeito.

(fontes: www2.camara.gov.br; www.jornaldaciencia.org.br)




Um comentário:

  1. Produção de lixo é algo que exige muita consciência, especialmente na rua. Outro tocante é sobre fumantes, bitoca de cigarro é o resíduo individual mais comum na rua, seguido das garrafas de cerveja (ao menos em Bento).
    Um tipo de lixo que se gera e só agora está tendo algum destaque é o tecnológico... pilhas, baterias, partes de eletrônicos que contém metais pesados não um tipo de lixo muito ruim e que normalmente acaba indo pro aterro, onde contaminam muito mais...
    Parabéns pelo blog de vocês. :)

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