quinta-feira, 27 de maio de 2010

Inocência Vendida

Geralmente são homens maduros que observam as meninas, puxam assunto e, em troca de favores, oferecem presentes


A rede de apoio à criança e ao adolescente de Guaporé está unindo esforços para coibir, evitar e punir abusos e violência contra crianças e adolescentes do município. Integrantes dessa rede estão preocupados com casos cada vez mais frequentes de aliciamento e sedução de menores, principalmente meninas, em idade escolar, por homens mais velhos.
Basta parar e observar a grande movimentação de veículos, que não pertencem aos pais ou responsáveis pelos estudantes nos horários de entrada e saída e nos intervalos das escolas. Geralmente são homens maduros, por vezes casados, que observam as meninas, puxam assunto e, em troca de favores, oferecem presentes. “Há várias situações. Muitos homens afirmam, quando questionados, sobre suas atitudes, que a menina provocou. Que foi ela que levou a essa situação pela maneira como se veste e se porta. Se observarmos pela praça, a forma como nossas meninas se vestem, provocativas, elas se colocam nessa posição, mas a culpa não é delas, porque é só você ligar a televisão e observar que cada vez mais nossas crianças e adolescentes estão sendo induzidos a aflorar sua sexualidade mais cedo. O corpo desenvolve, a maneira de se portar muda, porém, a cabecinha não está pronta, preparada. E quem deveria cuidar, educar, proteger, se aproveita dessa imaturidade para a satisfação de prazeres pessoais”, explica a enfermeira Eunice Fincatto, que trabalha junto à rede de proteção de crianças e adolescentes, realizando palestras e ações educativas na escola e na comunidade.

Casos de abuso

Por meio de relatos, a cultura predominantemente machista é revelada pelos aliciadores. “Em um caso que chegou à rede de apoio, nós questionamos o homem denunciado, sobre suas atitudes. E a resposta que obtivemos foi que da filha dele, ele cuidava, e que se uma menina se expunha a essa situação, ele, como homem, precisava responder como tal”, observa Eunice.
De acordo com a enfermeira, nesses casos é necessário ter em mente que, mesmo em um corpo de mulher, trata-se de uma menina, e que esta tem sonhos, ilusões e fantasias, compradas muitas vezes por uma roupa bonita, um celular, dinheiro, presentes. Os abusadores usam de muitos artifícios para conseguir o que querem. “Nós estamos tentando proteger sim, meninas e meninos de 14, 15 anos. Mas estamos muito preocupados com o assédio a crianças de 11, 12, 13 anos. Elas também estão sendo vítimas. Nós estamos recebendo um pedido de socorro das escolas, no sentindo da dificuldade que cada vez mais os professores tem de lidar com crianças, adolescentes e pré-adolescentes sem limites, sem respeito e que se acham auto-suficientes e acabam vítimas de pessoas mal intencionadas. O assédio nas ruas ao redor das escolas é visível. Precisamos abrir os olhos e agir”, alerta a assistente social Martha Pasquali.

Homem de 43 anos

O Informativo Regional conversou com uma menina, que “namora” com um homem de 43 anos. Ela se diz apaixonada, e segundo a jovem, ele é responsável por lhe dar muitos presentes, pagar suas contas em lojas da cidade, lanches e jantares. “Eu amo ele. Ele é muito bom pra mim. Ninguém vai nos separar, nunca. Se precisasse eu fugia. Ele disse que vamos morar juntos.” A jovem em questão afirma que a mãe, que precisa tomar conta de outras filhas também jovens, aprova o namoro. A menina entrevistada tem 14 anos.

 
DENUNCIE

Conselho Tutelar: (54) 9979.2673

Assistência Social e Habitação: (54) 3443.5782

Denúncia anônima: disque 100

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